7 de outubro de 2009

Respeite um idoso: respeite uma das fases da sua vida

A sociedade brasileira encara a velhice como um encargo social, um peso que a sociedade tem que carregar, isto pode ser justificado pela cultura do país, ou devido ao nosso sistema capitalista que privilegia a produtividade e o consumo, sendo que após a quebra do vínculo empregatício, a população idosa é estigmatizada como inútil e inválida. A população idosa do Brasil é a que mais cresce no mundo. Após tantos esforços realizados para prolongar a vida humana, seria lamentável não se oferecer as condições adequadas para vivê-la.
Tanto no nosso país, como no mundo, a violência contra os mais velhos se expressa nas formas de relações entre os ricos e os pobres, entre os gêneros, as raças e os grupos de idade, nas várias esferas de poder político, institucional e familiar. São situações lamentáveis de desrespeito ao idoso, que se configuram em agressão física, social, psicológica, a qual são vitimizados o idoso. Esta realidade precisa ser modificada, pois muitos idosos são excluídos e não possuem o mínimo para a sua sobrevivência, a nossa realidade ainda consegue ser muito perversa quando se trata da velhice. Toda a sociedade de forma articulada, seja com a família, com a mídia, com o próprio idoso, assim como toda a esfera governamental devem então, despertar-se e assumir a luta por um envelhecimento de qualidade.
A óbvia ideia de que o idoso é ser humano, portanto é cidadão, merecedor de direitos sociais deveria bastar, porém nem sempre ele é visto dessa maneira, por isso a necessidade de a terceira idade ter atenção especial na Constituição, para que ela receba o tratamento que lhe é devido. Foi nos anos 80, porém que a velhice ganhou maior visibilidade, o idoso tornou-se um ator político, cada vez mais evidente na sociedade brasileira.
A partir da Constituição Federal de 1988, e a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), a Assistência Social foi definida como política voltada para a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice. Tais políticas devem ser pautadas pelos princípios da universalidade da cobertura de atendimento e distribuição na prestação dos benefícios e serviços. O Estatuto do Idoso tem por objetivo consolidar direitos já assegurados na Constituição Federal de 1988, protegendo, principalmente, o idoso em situação de risco social. O Estatuto estabelece que o idoso deve ter garantido o seu direito à vida, o direito de viver junto a sua família, de liberdade e autonomia, ao respeito, a aposentadoria, a saúde, a educação, a moradia, ao transporte, ao lazer, ao esporte, isto é, deve ter um atendimento que supra todas as suas necessidades básicas.Mas, o que se pode perceber, não é uma aplicação eficiente da legislação, o que pode estar relacionado a um aspecto que é característico das políticas públicas no Brasil, pois se desenvolvem de forma centralizada e segmentada. O resultado disso são programas desarticulados, prejudicando os mais interessados nesta questão, a terceira idade.
No Brasil ainda existe uma grande diferença entre a lei e a realidade dos idosos, isso se deve ao grande número de discursos que os priorizam, mas que não se efetivam. Para modificar essa situação, esse assunto não pode deixar de ser debatido e as reivindicações devem vir de todos os espaços da sociedade, pois somente uma grande mobilização, ou seja, a população organizada pode exercer uma grande pressão para que se configure uma nova visão sobre o processo de envelhecimento dos cidadãos brasileiros, não somente para o Estado, mas também para membros da sociedade civil que se deixam levar pelo preconceito, como se estivessem isentos a essa fase da vida.
Às entidades públicas, fica o dever de incentivar a criação de locais de atendimento aos idosos que tiveram seus vínculos familiares rompidos, como centros de convivências, casas-lares, oficinas de trabalhos, que os apóie e os atenda com seriedade, responsabilidade e respeito.
Temos na sociedade vários projetos, programas desenvolvidos por instituições governamentais ou não governamentais, que destinam a tender o idoso de forma a suprir suas necessidades, seja econômica, social, cultural, isto é todos os males que perpassam a vida de um idoso.
Por ser compromisso de todos, o Programa Escola da Família da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, desenvolvido na E.E. “Eng.º Isac Pereira Garcez”, resolveu realizar ações que venham a contemplar e suprir algumas necessidades básicas desta classe societária tão fragilizada. Primeiramente constatou-se que a maior demanda é o resgate de valores que estão sendo corrompidos pelo novo ideário social contemporâneo. É preciso então, construir junto aos adolescentes a visão de que o idoso precisa de carinho, amor e respeito, este trabalho de orientação vem sendo realizado por toda a equipe escolar, pois há a consciência de que esta é uma questão que deve iniciar no âmago de cada um.
Um outro ponto importante foi à confecção de cachecóis, uma parceria entre a escola da família, a equipe de professores da escola e alguns alunos que além da disponibilidade do tempo para confecção dos cachecóis também contribuíram com os materiais necessários. Foram confeccionados cerca de 40 cachecóis e alguns xales, que foram entregues na casa dos velhos, no dia 14 de junho de 2009, como demonstração de carinho foi colocado junto aos cachecóis bilhetes confeccionados pelos alunos da escola.
A escola da família elaborou um projeto de informática, voltado somente para idosos, com propósito de informatizá-los e de integrá-los às novas tecnologias que o aproximem do mundo cada vez mais globalizado. A situação social da pessoa idosa no Brasil revela a necessidade de discussões mais aprofundadas sobre as relações do idoso na família e na sociedade.
Danila Aparecida Bussula
Educadora Universitária
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